The Smile

Foi mágico, uma caminhada simples, até o mercado. Talvez até rotineira… Subiu o capuz do casaco, calçou os sapatos de qualquer jeito e apertou o play; pegou o elevador e arrumou o capuz enquanto se olhava no grande espelho, saiu cantarolando a música que ouvia enquanto repassava na mente a lista de compras.

Virou a esquina e continuou andando, a música mudou e o cantarolar também, era divertido se sentir uma pessoa comum, indo ao mercado com preocupações rotineiras. Ah sim, era bom ouvir o som rotineiro das pessoas andando apressadas e outras que pareciam ter o prazer exclusivo de irritar esses mesmos apressados.

Desviou de um grupo de garotos, evitou as garotas de salto alto, ergueu o rosto ao passar ao lado de uma garota de tênis, mordeu o lábio ao ver seu doce preferido, pensou em parar e tomar um refrigerante, mas acabou desistindo após não conseguir escolher que marca tomar. Preferiu continuar caminhando ao longo da rua… mais um sinal e lá estava seu destino final , olhou para ambos os lados e atravessou dessa vez acompanhando o assobio da música nos fones; pegou uma cesta e colocando apoiada no antebraço começou a repassar pela incontável vez a lista de coisas na memória.

Não soube dizer precisamente quanto tempo depois finalmente estava recebendo o troco da mulher do caixa, guardou as moedas de qualquer jeito no bolso e colocou tudo dentro da sacola, recolocou os fones e com bônus pegou o óculos escuros que tinha colocado no bolso das moedas e os colocou no rosto, escurecendo assim a visão. Saiu antes que lembrasse que havia esquecido algo como sempre, pegou o caminho de volta e foi a mesma coisa…

Pensou em tomar um refrigerante mas ainda não sabia escolher qual marca, as sacolas agora pesavam um pouco, desviou de um grupo de senhoras que passeavam com os netos – que era bestas possuidas ao invés de serem crianças – pulou por cima de uma poça de água que não estava ali na ida, atravessou correndo no sinal que estava por fechar e sorriu.

Próximo a sua casa estava olhando de um lado para o outro vendo se era seguro atravessar quando de repente sentiu um choque, ao olhar para a esquerda seu olhar se colidiu com outro olhar. Alguém dentro de um carro, os olhos brilhantes como se estivessem molhados de lágrimas, os olhos que a olhavam com a mesma intensidade.

De repente foi demais aguentar e sentiu seus próprios olhos enchendo-se de lágrimas cada vez mais, quando sentiu uma lágrima escorrer pelas bochechas piscou e deu um passo atrás como se sentisse o impacto de tudo que estava acontecendo. Então ouviu o som de uma buzina e olhou ao redor, ao contrário do que havia pensado, o mundo não havia parado naquele momento e agora o sinal era propício para que o carro andasse, todos os carros lá atrás já sabiam disso mesmo o dono daqueles olhos.

Então seu olhar foi desviado por uma questão de milésimos de segundos alguns centímetros abaixo dos olhos e lá estava… o sorriso. O mais lindo e sincero que vira em todo aquele tempo.


Olhou para o sorriso, sentindo a prisão boa e inexplicável daquilo tudo, então olhou novamente para os olhos, acompanhando uma lágrima que desceu até encontrar os lábios que ainda mantinham aquele sorriso perfeito lá…

E o que havia em comum entre o sorriso e os olhos eram… Tudo vai ficar bem.

O carro saiu do lugar suavemente, e depois com mais rapidez e agora só restava esperar o momento para atravessar, quando o fez, continuou caminhando até chegar em casa e seguir com a vida. Mas tinha certeza por toda a vida que naquele momento, naquele semáforo, naqueles olhos e principalmente naquele sorriso…

Deixara um pedaço da sua vida. 

[continua…]

Saudades

Finalmente percebi que você se foi. Que a sua presença não é mais algo constante no meu dia. E agora veio a dor.
Tanta saudade.
E só me resta lembrar dos melhores momentos. Dos abraços, dos beijos, da alegria de simplesmente estar perto, do sabor das brincadeiras, dos segredos compartilhados, das alianças feitas, das discussões calorosas…
E percebo que o meu Eu não é feliz sem você.

Lembranças de um passado complelto e quase perfeito. Me pergunto de que tipo é o nosso amor; seria ele um amor que só floresce á distancia, ou um amor que se fortalece com a presença do ser amado.
Ah, lembro de quando eu te protegia “dela”, quando deixei que pensassem que éramos namorados, quando você me abraçava pra me impedir de bater em alguém…
Bons tempos aqueles… e agora eu estou longe e você também está. Eu estou trilhando meu caminho e provavelmente não estarei no seu. Talvez estejamos em linhas paralelas, ou talvez seja apenas um ciclo onde nos encontramos algumas vezes.
Quero que saibas que sempre estarei aqui.
Longe ou perto, o nosso amor sempre nos manterá ligados, esteja onde estivermos, o nosso amor será pra sempre…

Almofadas no chão


Cada vez mais a minha visão de mundo aumenta. Todo dia novos risos, novas emoções, outras paixões, saudades de aspectos do passado.
Rodeada de livros, prédios, pessoas desconhecidas, amigos, “Zuper amigos”, amores. Meu pequeno mundo da infãncia se transformou, descobri porque as bolhas de sabão estouravam muito rápido, que o algodão-doce é feito de açucar e corantes, que as nuvens não são feitas de algodão.
No lugar do meu mundinho, nasceu outro mundo mais racional e mais explicável. O meu novo mundo é mais amplo, mais povoado, é essencialmente real.
Mas ainda conservo a beleza das cores.
As bolhas estouram rápido, mas ainda são belas e me inspiram, o sabor do algodão-doce ainda me cativa, um monte de água condensada esperando para cair sobre a terra ainda forma as mais belas “figurinhas” no céu que eu jamais vi.
Ainda sou a menina em corpo de mulher. O pequeno pedacinho criança ainda está na minha alma. Aquele lado que se regozija com pequenas ações para uma mulher, mas que são grandes ações para a menina.
No meu exterior estou crescendo, aprendendo e praticando, mas a menina também está presente. No interior, a menina torna-se campeã que brinca, pula e dança.
Que chora e sorrir livremente.
E com essas duas belas fazces de um mesmo eu, me jogo, arrisco, decido como fazer as coisas, mas tenho sempre em mente que o meu amor pela vida é medido conforme meus desejos são aceitos e complementados com cada um ao meu redor.
Não tenho medo de ser feliz, eu me arrisco, me jogo sem medo de me machucar, porque afinal, pras crianças Deus coloca almofadas no chão.